Notas de aniversário

O meu aniversário foi muito bom. Talvez um dos melhores dos últimos anos. Desde que mamãe fez um do Chapeuzinho Vermelho, com casinha e tudo. Talvez tenha sido ótimo justamente porque eu não queria fazer muita coisa e não esperei muita coisa - que, cada vez mais, descubro ser a melhor forma de viver e de se decepcionar menos. Marquei um chopp com amigos e fui chamando pessoas aqui, pessoas ali. Eu não gosto muito desse esquema de chamar as pessoas para bar. Gosto de dar uma festa em casa. Mas sei que a nossa realidade é outra, que estou particularmente em um momento apertado - de tempo e dinheiro; aliás, quase as mesmas coisas na pós modernidade - e moramos em casas apertadas. Em suma: tudo é apertado. Até o coração.

Chovia cachorros e gatos, como dizem os ingleses. Acho que São Pedro quis me dar um presente, pois vocês sabem que eu amo chuva, embora eu estivesse de camiseta e suasse como um porco-senegalês-de-gola-rulê-de-lã. Mas, como sei que as pessoas são feitas de açúcar, pensei que não iam. Brincadeira, sei que é chato mesmo sair de casa com chuva. Formiga Irmã, que diz que cariocas são, por natureza, furões disse que não ia ninguém. Pensei que tudo bem. Íamos eu, minha mãe e irmãos que já enchem quase duas mesas. Mas, para a minha surpresa foram todos - ou quase todos - que eu havia chamado. Pessoinhas que se despencaram lá do outro lado da poça - Niterói - como Cris, Paulinho e Bellinha-Fofolete só pra me dar um abraço; Gisele, da Zona Rural do Recreio; Andrea, cidadã da Baixada, gente que rala e garota-carioca-suíngue-sangue-bão; blogstars do naipe de Roberta Carvalho; novos amigos de infância, como Álvaro; velhos sempre amigos de infância; primas, tias, dúzias de irmãos; mãe; amigos do doutorado. Até minha querida leitora, Pat Linden, de Brasília, que está por aqui passando o feriado apareceu por lá! (Gente, ela é ruiva de olho verde, com sardinhas! Eu quero um irmão, primo, qualquer um da família dela, mas ela já garantiu que eles não são ruivos. Ah! O avô dela se chama Artur. E é ruivo. Será que ele é meu filho que nasceu antes?). Fiquei muito feliz! Além dos que telefonam pra vir assistir ao programa.

De perto ou de longe; virtuais que deram as caras; reais que se virtualizaram por telefones e e-mails.

Sei lá, aniversários são estranhos, né? Não pelo fato de ficar mais velha. Velha eu sou desde criancinha. Mas é estranho as pessoas darem parabéns pelo simples fato de você estar viva, de existir. Como se isso fosse mérito seu. Quer dizer, às vezes até é, mas nem sempre.

Hoje tô aqui, vendo meus presentinhos, todos tão meigos e significativos, dados com tanto carinho e reunindo forças pra trabalhar. Depois de praticamente dois dias de festa é hora de trabalhar, pois reza a lenda que eu estou escrevendo uma tese.