domingo, dezembro 17, 2006



"Eu não posso brincar contigo - disse a raposa. - Não me cativaram ainda.
Ah! Desculpa - disse o principezinho.

Após uma reflexão, acrescentou:

O que quer dizer "cativar"?

Tu não és daqui - disse a raposa. - Que procuras?

Procuro amigos - disse. - Que quer dizer cativar?

É uma coisa muito esquecida - disse a raposa. - Significa "criar laços"...

Criar laços?

Exatamente. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo...

Mas a raposa voltou a sua idéia:

Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música. E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:

Por favor, cativa-me! - disse ela.
Bem quisera - disse o príncipe - mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.

A gente só conhece bem as coisas que cativou - disse a raposa. - Os homens não têm tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me!

Os homens esqueceram a verdade - disse a raposa. - Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
Tirado daqui

8 comentários:

e. disse...

É um livro que ficou relegado a "quem não tem cultura" ou à pretendentes à Mis. O que acho uma pena, pois acho uma das história mais lindas. Você já viu a versão musical para o cinema do Bob Fosse? É maravilhosa, com dancarinos fazendo papel de bichos. A raposa é absoluta!
bj querida.

Carrie, a Estranha disse...

Não, nunca vi!

Bjs

Anônimo disse...

ai
fazendo arrumação na casa do meu namorado, quebrei o disquinho que ele ouvia quando criança do Pequeno Príncipe.
fiquei deprimidérrima.
e ainda tive que aturar ele e a mãe dele (eles, que já não gostam de me sacanear) me perguntando, por dias: "desenha-me um carneiro?".
=P

Anônimo disse...

Amo este trecho da Raposa, por que será heim???

Anônimo disse...

Continua lindo e atual.... Mas a amizade e o amor andam desgastados nesses tempos bicudos... Como disse a sábia raposa: "como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos."
Há que se reaprender a cativá-los...
beijos
*Já que "estamos" numa "fase tipo assim" pequeno príncipe, mandei o capítulos dos baobás pelo e-mail.

Anônimo disse...

Figura, para completar a trilogia, só ficam faltando seus escritos sobre Fernão Capelo Gaivota e os livros da série Vagalume.

Carrie, a Estranha disse...

Rê,

Nossa, tinha esquecido a parte do "desenha-me um carneiro"!!! Que puxa!!

Ila,

É, a raposa é fofa!

Tereza,

Oba! Vou ler agora!

Pierre,

Sim, eram livros muito bons! Tinham ótimos autores na série vagalume! Boa lembrança!

Bjs

anouska disse...

eu também gosto do princepezinho. agora, as misses agora não lêem paulo coelho, não?