terça-feira, julho 04, 2006

Nascida em 4 de julho

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Sou contra a teoria de que parentes devam ser amados simplesmente porque são parentes. Amo as pessoas pelo que elas são e independente do laço que eu mantenho com elas. Porém, tive a sorte de ter a família mais espetacular que alguém pode ter. Bom, nós temos problemas, é claro, como toda a família. Mas amo imensamente meus irmãos - e eles são quatro; dois homens e duas mulheres - meu pai (que já morreu, mas continua comigo) e minha mãe, meu bebezinho, que acha que eu não gosto dela - ha ha ha!!! - mas sabe que sem ela eu não vivo. E isso se estende a primos, tias e afins. Os Natais na minha casa são sempre muito animados, pois as pessoas têm realmente prazer em estar umas com as outras e partilhar deste momento, sem hipocrisias de que "somos-uma-família-e-temos-que-ficar-juntos-nessa-época". Não raro, alguns amigos vão lá pra casa depois da festa em suas casas, tamanha é a empolgação do pessoal. Aliás, meus amigos em geral gostam bastante da minha família e é comum sairmos todos juntos.
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Hoje queria falar de uma pessoa muito, mas muito especial e que faz aniversário neste quatro de julho. É Formiga Sister Master. Canceriana típica: doce, caseira, amorosa e generosa. Formiga Sister tem 9 anos a mais que eu. Foi, ao mesmo tempo, minha irmã mais velha e mais próxima; mãe e amiga. Brinco com ela que às vezes parece que ela é uma extensão de mim mesma, tamanha a identificação. Ela advinha o que eu penso às vezes antes de mim mesma. Formiga Sister tem um humor meio Phoebs Bufay. Diz coisas completamente non-sense nos momentos menos apropriados. Mas não contem piadas para Formiga Sister. Ela detesta e nunca acha graça, ou não entende. Ela gosta das piadas do cotidiano: daquele lapso que só ela vê; daquela frase inadequada, daquele acontecimento inusitado. Formiga Sister enxerga o que ninguém vê. E esse seu olhar a faz ter um cuidado todo especial com as pessoas. E ela espera que também tenham com ela. Infelizmente o mundo não é feito de pessoas como ela e se eu puder torcer o pescoço de todos que a fazem sofrer eu o faço sem pestanejar.
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Às vezes ela parece muito mais nova do que eu; em outras, é a minha grande irmã mais velha que fazia Letras e me contava histórias clássicas quando eu ainda era muito pequena; que me explicava que existia um negócio chamado Guerra Fria; que me contou que existiu um período muito feio em que as pessoas eram torturadas aqui no Brasil. Irmã que fazia batata frita, brigadeiro e bombom de uva pra mim. Que juntava nossas camas de solteiro e me dava a mão quando eu tinha medo de noite. Que trocava minha roupa de cama e ainda me dava banho quando eu fazia xixi na cama - sim eu fiz xixi na cama até uns 8 anos - , mesmo tendo prova na manhã do dia seguinte. A única irmã com quem eu conseguia ficar quando minha mãe não estava presente. A irmã pra quem eu posso ligar às três da manhã, chorando e ela vai, pacientemente, me escutar pelo tempo que for, mesmo tendo que trabalhar cedo no dia seguinte. Baru é simples, simples, simples...simples onde um ser humano precisa ser simples. E complexa e rica, onde é preciso ser complexa e rica.
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É claro que isso gera uma responsabilidade muito grande e às vezes alguns arranca-rabos acontecem - afinal, somos pessoas "normais", de carne e osso, com defeitos, e que se estranham às vezes. Mas nunca damos espaço para o ressentimento.
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Poderia ficar eternamente falando de todas as coisas que ela já fez por mim, mas ainda seria pouco. Ter uma irmã dessas é nunca estar sozinha. Nem que milhas de léguas nos separe. Mesmo quando a morte - toc, toc, toc isola!- algum dia, daqui a muitas e muitas décadas nos separar. Pois ela estará dentro de mim e eu dentro dela. Porque nossos laços não dependem de temporalidade, presença física ou a realidade. Porque nossa relação é a expressão mais pura de amor e já me abastece cotidianamente de amor pra toda a vida. Pois Formiga Sister também me ensina que if you love somebody set them free.
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Desejo pra ela neste dia tudo aquilo que eu desejo para mim mesma. Não porque eu seja uma pessoa boa e altruísta. Ao contrário: sou tão egoísta que quero vê-la cada vez melhor porque a sua alegria é a minha alegria e a sua tristeza é a minha tristeza. E que o mundo possa saber o quanto ela é especial. Essa foi a minha forma de homenageá-la neste dia (porque presente, Baru, tá meio difícil...rsrsrs...).
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Além disso ela acha que eu tenho o cabelo mais maravilhoso do mundo, que eu sou "biante" e que eu sou uma escritora. Como não gostar de uma pessoa assim? Eu, uma escorpiana típica: vaidosa, ciumenta e perfeccionista?
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Pra finalizar, cito as palavras de Theo, irmão de Van Gogh, quando soube de sua morte (Theo sustentou financeiramente e emocionalmente Van Gogh durante toda a sua vida): "mas ele era tão, mas tão meu irmão".
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Formiga Sister, agora Master of the Universe, Bibi, Balu, Baru: alguém capaz de transformar um substantivo em adjetivo. Pois fraterno é pouco. Ela é minha muito, muito irmã (e apesar da minha fixação por orelhas, espero que as semelhanças fiquem por aí).
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Te amo muito, muito, muito. Se por acaso existir essa história de alma gêmea, você é a minha (mas espero que a gente tenha sorte encontrando alguém nesta vida pra nos divertir um pouco, pois incesto lésbico não está nos meus planos).
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Da sua Única Formiga Falante e Escrevente e Pensante e Blogueira e Escritora e Cheia de Idéias do Mundo!!
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PS: Não, não estou exagerando. E além de tudo ela é liiinda! E tem a pele de pêssego mais perfeita do mundo! Ah, e é claro: eu sou a cara dela!

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi, eu sou a Formiga Sister...
E não tenho palavras...
Estou chorando e relendo este texto...
Puxa,
Te amo, sempre!!!
Beijos,
Bibi

Lara disse...

Que Lindooo!! Parabéns para ela!

beijos