segunda-feira, outubro 27, 2014

Tem dias que a gente se sente...

Grande amiga - alegre, extrovertida, bonita, com habilidades e qualificação profissional - rompeu com a civilização ocidental e foi morar no mato. Não tão longe assim da civilização, mas não atende mais telefone fixo, só tem internet discada, não participa de uma rede social, não responde e-mail. Sé ela, o marido e cachorros.

Não fala mais com a família, mesmo com os mais chegados. Aparentemente não aconteceu nenhum episódio específico que desencadeasse esse seu comportamento. Nenhuma grande briga, acidente, trauma...Apenas a coisa foi indo, gradativamente, crescendo.

Não consigo entender, assim como todos os que conviviam com ela. Tento respeitar, como tentamos fazer com as atitudes das pessoas que amamos, por mais estapafúrdias que elas pareçam.

Mas há momentos, cada vez mais frequentes, que eu meio que a invejo.

Onze anos

Arrumando armários. 

Ex-amiga, me conta, numa carta de 1988: tem um circo muito bom aqui, mas vai embora amanhã.

Nó na garganta.

Circo.

Ex-amiga.

Não resta dúvida que com o Facebook a possibilidade de interação nos textos é infinitamente maior. Não fui só eu que me ausentei do blog. Todo mundo se ausentou. No Facebook nenhum post meu fica mais de um minuto sem ter tido ao menos uma curtida ou comentário. Aqui eu entro e o vazio é acachapante - ainda que eu saiba que existe uma meia dúzia de vocês aí do outro lado. Enfim, só tô tentando me justificar, não estou pedindo comentários diários (mentira, tô sim). A ausência não é só minha, mas de vocês também.

Mas sigo por aqui. Na esperança que votemos aos blogs. Ou a outra rede melhor.

segunda-feira, outubro 20, 2014

Voltei.

Mas em função da margem de erro de dois pontos percentuais a mais ou a menos, posso voltar daqui a dois dias ou já ter voltado há dois dias atrás.

Tu-dum tsss!!!

quarta-feira, julho 02, 2014

Só consegui pensar uma coisa durante toda a entrevista do Neymar que acabei de ver: ele só tem 22 anos. Com 22 anos eu nunca tinha trabalhado – e portanto nunca tinha ganhado um tostão furado – nunca tinha andando de avião; não conhecia outros países; nunca tinha saído do Sudeste; não sabia dirigir; não tinha sequer me formado; já tinha trancado a faculdade duas vezes e transferido uma. Fazia curso de teatro na CAL. Com 22 anos eu não tinha a menor noção do que fazer com a minha vida. Devo confessar que rolou uma depressãozinha. Não pelo dinheiro que ele tem, pela fama, por nada disso, porque nada disso me importa de verdade (sério). Mas por vê-lo falar que desde os 6 anos de idade o sonho dele era jogar uma Copa e ser campeão. Quem de nós consegue sonhar tão alto e ver esses sonhos virando realidade e aos 22 anos? Não que os pequenos sonhos não sejam importantes. Ou que os novos sonhos que sonhamos (quando a vida vai dizendo que os velhos sonhos são grandes demais, impossíveis demais), não sejam igualmente importantes. Mas pensar que a maioria de nós não vai sequer arranhar conquistas desse naipe – que, volto a dizer, não tem nada a ver com dinheiro ou fama, mas com um grande sonho de infância – é muito injusto.

A bem da verdade, a chance de aos 37 anos ele estar falando m*rda nos jornais na TV e no jornal que nem o Ronaldo (que é da minha idade) é grande, também. Pelo menos aos 37 eu faço meu pós doutorado e ainda posso dizer que estou no início da minha carreira.


Enfim. Difícil e injusta a vida.

sexta-feira, junho 27, 2014

Não só, mas também

Às vezes me pego pensando em o que me faz gostar de alguns escritores mais do que outros. Penso que, dentre outras coisas, não me interessa ler sobre a Vitória. Não me interessam os escritores pouco generosos, mesquinhos e que poupam a si mesmos em qualquer linha. Gente que se economiza. Os que dão um jeito de falar dos próprios defeitos como se fossem qualidades. Não me interessam as histórias de sucesso. Estou cercada delas. Vivo como no poema de Pessoa, onde “todos os meus amigos têm sido campeões em tudo”. Todo mundo ao meu redor tem uma vida perfeita e eu sei exatamente o que fazer para se ter uma. Quero ler sobre gente que não deu conta. E quem tá no limite de não dar conta. Sobre fracasso. Sobre ridículos. Sobre gente que se arrepende do que diz e faz. Sobre tentar todos os dias, over and over, e mesmo assim fenecer. Acho que é isso, para mim, que faz um bom escritor. Dentre outras coisas, claro. Escrever sobre o que não foi, não deu, ficou pra depois e, para finalizar - mais uma vez roubando e parafraseando Pessoa - sobre o intervalo entre o que se deseja ser e o que a vida faz da gente. Ou metade desse intervalo, porque também há vida. ;)

quarta-feira, junho 11, 2014

Mentiras que os adultos contam - ou Vida de Adolescente parte II

Todos os dias eu me choco com o fato de que parte da humanidade inteira NÃO está lutando o tempo todo para diminuir a dor de outras partes do mundo - seja a dor de que tipo for. E umas 369.785 vezes por dia eu me choco por eu estar dentro dessa parte da humanidade que não faz nada.

Talvez porque não exista nenhuma parte sem dor. E as pessoas estejam por demais ocupadas tentando se livrar da sua própria dor.

Mas às vezes é mais fácil ocuparmo-nos da dor alheia para diminuir a nossa própria.

terça-feira, junho 10, 2014

É difícil explicar pra quem gosta muito de dinheiro que possa existir gente que não tá nem aí. E nem por isso é fracassado ou acomodado. Todo mundo sabe, na teoria, que existem coisas mais importantes do que o dinheiro. Mas na prática, pouca gente realmente sabe.

Pensamento adolescente?

Vida de adolescente I

Quando você se identifica mais com as angústias e os anseios dos seus alunos do que com os dos seus colegas de Departamento você se pergunta se existe alguma coisa de errada em tudo isso.

segunda-feira, junho 02, 2014

Nostalgia do presente


Olhando para trás e para dentro consigo vislumbrar um sentimento em mim de 20, 25 anos atrás. Ele não era onipresente, mas ele estava lá em vários momentos. Talvez sequer fosse a maior parte do tempo. Com certeza, não era a maior parte do tempo. Mas o momento de sua existência era cheio e pleno e o bastante para permanecer mesmo décadas a frente. Era um sentimento de total consciência do presente, de forma tão absolutamente arrebatadora que nada mais existia, nem antes nem depois. Não se tratava de felicidade ou contentamento, mas uma sensação de que as coisas eram seguras e que qualquer perigo era tão remoto e hipotético que era quase impossível. O futuro não existia, a não ser como uma ideia abstrata, assim como a morte. A segurança do amor dos meus pais, o conforto da minha casa e a vida previsível e estável - porém, ainda não entediante o suficiente - faziam com que as coisas andassem como deveriam andar. Nem mais lentas, nem mais rápidas. Tudo era novo. E não se trata de uma construção que eu fiz do passado, olhando retrospectivamente. Era uma sensação presente, que eu tinha a exata noção de que estava acontecendo naquele momento. Mas talvez achasse que fosse ser assim pra sempre. Não sei.

Outro dia eu vi em algum filme ou seriado, não me lembro bem, a personagem principal falar algo parecido. De que olhando para trás ela conseguia ter a exata consciência do momento em que ela olhou para a própria vida pensando: "esse é o momento mais feliz da minha vida". Mas, no momento em que ela teve esse sentimento já não era a felicidade, mas o início do fim da felicidade. Porque talvez - completo eu - o momento de felicidade completa seja um momento em que não se sente, não se racionaliza. Vive-se, apenas.

Acho que lembrei dessa passagem e associei-a a este meu momento porque talvez essa sensação não fosse a felicidade em si, porque era apenas a vida em sua plenitude.

Quando visito a casa dos meus pais eu me lembro deste sentimento. Na vida adulta esse sentimento é quase inexistente. Há passado e futuro demais e a certeza da impermanência. Talvez haja relances deste sentimento. Mas ele já é tão impregnado do desejo de permanência, nos apegamos tão desesperadamente a ele, talvez sabedores da sua fragilidade, que no momento em que tomamos consciência ele se esfarela por entre os dedos. Porque a receita número um para algo não durar é tentarmos nos apegar a ele com sofreguidão.

Quando foi que o futuro chegou tão depressa?

quinta-feira, maio 29, 2014

Como diria a bruxa do Pica Pau, lá vamos nós...

Não sei bem por onde começar. Nem se de fato vou começar novamente este blog - dado o número de tentativas de voltar, essa pode ser apenas mais uma. Nem sei se as pessoas ainda leem blogs. Eu não leio mais quase nenhum (é, pensando bem, acho que deixei de ler todos os meus blogs queridos).

Várias razões me levaram a deixar de escrever no blog. Ano passado foi o ano mais louco de toda a minha existência. Eu passei por reviravoltas incríveis com uma galera da pesada na minha profissional, com direito a vilões de novela mexicana e amigos que não eram amigos, etc. Trabalhei de uma maneira escrava e insana e estúpida como eu nunca trabalhei em toda a minha vida. Passei por problemas de saúde que me renderam três cirurgias. Até hoje eu olho pra trás e fico pensando como eu aguentei tudo isso. (Bom, que remédio eu tinha? O que é aguentar?). Em compensação no final do ano eu tive agradáveis surpresas que me fizeram largar tudo e recomeçar em outra cidade, outro estado. E antes de tudo isso eu casei, mudei (e não te convidei).

Além disso, acho que outro motivo que me fez ir escrevendo menos e menos e cada vez menos é que quando se trabalha em iniciativa privada nunca se sabe o que pode ser usado contra você. E alguns dos meus textos não eram exatamente uma ode ao trabalho no setor privado - para usar um eufemismo. De modos que, aos poucos eu fui me distanciando do blog, ao mesmo tempo em que os sites de redes sociais foram ocupando um lugar maior na minha escrita e leituras diárias. Digamos que todo o meu "impulso criativo", antes canalizado para o blog, passou a ser usado nas redes sociais. O que é uma merda. É legal, mas é uma merda. É legal porque como "está todo mundo lá" a possibilidade de mais gente me ler e me curtir e comentar é maior. Mas é também uma merda, porque tem o povo do silvisso, que não necessariamente entende o seu senso de humor, tem o coleguinha da quinta série que você reencontrou, tem a tia Cocota...enfim...aqui também tem tudo isso, mas em escala reduzida. Tenho uma relação de amor e ódio pelos sites de redes sociais. No momento estou na vibe ódio. Porque é muito chato, também. É muita gente tendo muita opinião sobre tudo.

Daí me pegava às vezes pensando em ideias para posts que eu podia muito bem estar desenvolvendo aqui, mas eu acabava postando nas redes sociais. E isso é quase sempre visto pela maioria das pessoas como alguém-que-não-tem-nada-pra-fazer-e-fica-o-tempo-todo-no-Face. Mas aí eu percebi que a minha questão nunca foi só a sociabilidade, ainda que eu tenha conhecido gente incrível por aqui. A minha questão é a escrita. A sociabilidade vem num pacote, como feedback da escrita. Nós, escritores frustrados, escritores de meia tigela, escritores de guardanapos de boteco e bloquinhos, gostamos de escrever e sermos lidos. Mas antes de mais nada a gente gosta de escrever - bom, não sei se posso falar pela catchiguria toda, mas falo por mim.

Sei lá, já disse aqui e repito: eu acho que os blogs, ainda que públicos, são espaços mais reservados. Entra quem quer. Em um site de rede social como o Face você é forçado a interagir com todos os seus amigos - que muitas vezes você é forçado a adicionar - e ler toda e qualquer porcaria de todo mundo. Claro que você pode sempre cancelar as notificações do selumano-sem-loção, mas às veze o selumano-sem-loção em questão é um querido. E você não quer ouvir as merdas que ele diz sobre política e segurança pública, mas quer ver as fotos dos filhos e saber como está. Como faz então, Brasel? Não sei.

O fato é que eu sinto falta da escrita diária em um local onde as pessoas podem me ler (escrita diária eu tenho no meu diário, mas ninguém me lê. Assim espero). E o FB tá me sufocando, Euclides. É gente demais, conhecida demais, dando pitaco demais sobre tudo o que você faz.
Além disso, acho que rede social também é vício. Quanto mais você usa, mais você quer usar. Quanto mais você se expõe, mais você quer se expor. Você não se controla e quando percebe está colocando fotos que outrora você não colocaria.

Tudo isso para dizer que eu senti a falta disso aqui essa semana como em nenhuma outra e resolvi voltar. Aí tive que lutar com senhas e que tais, já que agora é tudo muito interligado e eu não lembrava que já tinha mudado a minha senha ultra mega über difícil pra outra mais razoável. Espero que o ânimo de escrever diariamente me visite novamente. Se eu ainda terei leitores, não sei. Se terei que reconquistá-los, me digam vocês.

É estranho voltar a um lugar tão especial, que eu não voltava há tanto tempo, e perceber quanta coisa mudou e quanta ainda permanece miseravelmente igual.

Tem alguém aí?

PS: Roberta falou disso aqui.
PS2: Acho que já usei esse título em algum lugar remoto deste blog.

Teste

Não sei se é só um teste. Tinha perdido a senha do meu blog. Perdi dentro de mim. Ufa. Achei. Mas ainda estou com a senha do e-mail do blog perdido. Ainda que isso não faça tanta diferença.

Mais informações em breve.

Ou não.

quinta-feira, março 07, 2013

Tentando voltar ou crise de identidade bloguística a essa altura?

Eu juro...eu tô tentando. Mas não encontro tempo e nem forma. Não tenho vontade de continuar um blog nos moldes "querido diário". Também não tenho nada mais profundo a dizer do que isso - e o que eu tenho eu preciso guardar pra outros lugares.

Mas eu vou pensar em alguma coisa.

segunda-feira, julho 09, 2012

Um mês? Já?


Como diria minha prima, ao ser parada pelo guarda e constatar que o seu IPVA estava vencido há quatro anos:

- Nossa, seu guarda! Como o tempo passa, hein?

segunda-feira, junho 04, 2012

Enquanto isso...

Numa livraria:


Formiga Irmã: Fumiga! Achei o livro que vou te dar de presente: "Pequeno guia para pessoas inteligentes que não estão dando certo".


Pândega, essa Formiga Irmã.


Não que ela ache que eu "não estou dando certo". Mas ela sabe que EU acho isso. Pelo contrário, ela sempre me lembra de como a vida é um processo e bla bla bla.


* * *

Isso me lembrou um outro caso. A mocinha da xerox que eu utilizo com frequência (a xerox, não a mocinha), estudou comigo durante algum tempo do colégio - ginásio? acho que era assim que se chamava. Sempre vou lá para xerocar currículo, documentos e, dentre eles, diplomas (graduação, mestrado e doutorado). Aí um dia resolvi comentar com a minha mãe:


- Puxa, mãe. Será que ela fica pensando "nossa, a Carrie tem tantos diplomas, estudou tanto, e eu aqui, trabalhando como atendente de xerox"?


Formiga Mãe, sem pensar duas vezes:


- Claro que não. Ela deve pensar "coitada dessa menina. Com  tantos diplomas, estudou tanto  e não consegue nada".


Tu-tum-táááá (som de prato encerrando a piada)


Estou cercada de pândegos. 


* * *


Como diria uma amigo da Andrea Batalha: "ter uma inteligência acima da média é como estar preso num engarrafamento".


E a média anda tão baixa que qualquer um tem uma inteligência acima dela. Mas isso não adianta muita coisa, porque você só pode andar de primeira.

quinta-feira, maio 17, 2012

Contabilidade da vida

O quanto entra. O quanto sai. Comer menos, gastar mais. Tarefas a serem feitas. Tarefas concluídas. Minutos que se consegue trabalhar ininterruptamente. Dias que faltam para o fim do prazo X. Gastar menos, entrar mais. Taxa de glicose, colesterol, triglicerídeos. Aplicações bancárias. Aplicações a laser. Números na balança, números da pressão, número do manequim. Dormir menos. Procrastinar menos, trabalhar mais. Dias que faltam para o fim do prazo Y. Circunferência abdominal com risco de ataque cardíaco. Nível de produtividade do bolsista. Dias de namoro. Duas páginas sobre. Taxa metabólica basal. Cortar. Cinquenta mil caracteres (sem espaço) sobre. Livros lidos. Anos que faltam até o último óvulo sadio. Livros a serem comprados. Número de cabelos brancos. Número de meses que dá pra ficar ainda sem pintar o cabelo. Dias que faltam para o fim do semestre. Anotar refeições. Minutos de meditação. Miligramas do remédio. Aumentar. Número de rugas. Taxa do cartão. Índice de massa corporal. Oito horas por dia. Expiração duas vezes maior que a inspiração. Contar calorias. Transpiração quatro vezes maior do que qualquer coisa. Meia hora por dia. Tabela de custos da planilha. Creme duas vezes ao dia. Números do celular. Gastos do projeto. Só dez minutos. Três cervejas. Minutos do celular. Controlar a cada seis meses. Anotar despesas. Trezentos gramas de presento sem gordura.  Uma vez por ano. Minutos de aula dados e restantes. Número de aulas. Gigas ocupados. Minutos de caminhada. Número de alunos. Barras de chocolates. Três fôlegos no mesmo asana. Número de faltas. Número de seguidores. Nota do MEC. Três vezes por semana. Dez tempos antes de explodir. Repetir três vezes. Dia que vence o livro da biblioteca. Só mais cinco minutos. Tamanho do ciclo menstrual. Notas. Idade em que o escritor X lançou seu primeiro livro. Número de notificações. Idade em que Fulana teve seu último filho. Número de visualizações. Pessoas que talvez você conheça.

Minha vida é uma eterna contagem. E eu sou péssima com números. 

quarta-feira, maio 16, 2012

Vejam

Pra quem quer conhecer meu namorado, vejam a coluna que ele faz pro site do jornal impresso que ele trabalha.  


Falando sobre a segunda coisa que ele mais ama na vida: nerdices. 

(A primeira não precisa dizer o que é, né?)

Vamos lá bater o recorde de visualizações do coelhão.




segunda-feira, maio 07, 2012

Depois de uma noite de insônia, daquelas brabas, brabíssimas, em que o mundo INTEIRO dorme MENOS VOCÊ, e você tem a CERTEZA ABSOLUTA de que NUNCA MAIS EM TODA A SUA VIDA dormirá, falo pro namorado:

Eu te chamei quase de manhã pra falar que eu não conseguia dormir, tava agoniada e sabe o que você disse? "Lê um texto meu que você dorme, de tão chato que ele é".

Namorado sem se lembrar de nada: "Ah é? Menos mal. Pior se eu tivesse dito pra você ler um TEXTO SEU".

Tu-tum-tá! (som de prato de bateria marcando a piada).

sábado, maio 05, 2012

Preciso lembrar que é difícil para todo mundo. Uns mais, outros menos. Eu nunca vou saber a dor dos outros. Podemos tatear e arranhar a superfície do que nos tira de nós mesmos, mas o máximo que vamos conseguir é sujar as unhas de verniz. Mas continuamos tentando. Que nem o filme onde os caras saem de barco, param para mergulhar no meio do nada e esquecem de descer a escada para o mar. Mesmo sabendo que é inútil tentar voltar pro barco arranhando a superfície eles o fazem desesperadamente. Por que essa é a única chance. Por mais remota e desesperada que seja. É isso ou se entregar.

Lendo na calada da noite (e na falada da alma)


"Mais uma vez, e não seria a última, sentia-me meio estranho no mundo, como se tivesse acordado de repente e desconhecesse suas leis e seu significado. [...] Me sentia mais só do que nunca. E apenas mergulhando nos livros parecia reencontrar a realidade , como se a vida nas ruas fosse uma espécie de grande sonho de gente hipnotizada. Faltavam muitos anos para entender que nas ruas, praças e até nas lojas e escritórios de Buenos Aires havia milhares de pessoas que sentiam ou pensavam mais ou menos o que eu sentia, naquele momento: gente angustiada e solitária, gente que pensava no sentido e na falta de sentido da vida. [...]

E naquele reduto solitário eu me punha a escrever contos. Agora percebo que escrevia toda vez que era infeliz, sentia-se só ou em descompasso com o mundo onde me coubera nascer. E me pergunto se não é sempre assim, se a arte de nosso tempo, essa arte tensa e dilacerada, não nasce invariavelmente de nosso desajuste, de nossa ansiedade e de nosso descontentamento. Uma espécie de tentativa de reconciliação com o universo dessas criaturas frágeis, inquietas e aflitas que são os seres humanos [...]

Será [o homem] esse ser dual e desgraçado.  Esse ser dolorido e espiritualmente enfermo que indagará, pela primeira vez, o porquê de sua existência [...] E então seres descontentes, meio cegos e meio enlouquecidos, tentam recuperar, tateando, a harmonia perdida, com o mistério e o sangue, pintando e escrevendo uma realidade diferente da que, infelizmente, os cerca, uma realidade muitas vezes de aparência fantástica e demencial, mas que, coisa curiosa, acaba sendo mais profunda e verdadeira que a cotidiana. E assim, como se sonhassem por todos, esses seres frágeis conseguem superar a desventura individual e se transformam em intérpretes e até salvadores (trágicos) dos destino coletivo.

Mas a minha infelicidade sempre foi dupla, pois minha fraqueza, meu espírito contemplativo, minha indecisão, minha abulia sempre me impediram de alcançar essa nova ordem, esse novo cosmo que é a obra de arte, e terminei sempre caindo dos andaimes da desejada construção que me salvaria"

(Ernesto Sábato, em Sobre Heróis e Tumbas, p.580-1)



quarta-feira, abril 25, 2012

Moicanos de verdade

As coisas tinham ficado meio emperradas na minha vida. Eu estava trabalhando para a prefeitura como zelador em uma escola de ensino fundamental e durante o verão catava lixo no parque às margens do East River perto da ponte Williamsburg. Não sentia qualquer vergonha dessas atividades, porque entendia algo que quase mais ninguém parecia compreender: que havia uma diferença infinitesimal, uma diferença tão pequena que mal chegava a existir a não ser como criação da mente humana, entre trabalhar em um arranha-céu de vidro verde na Park Avenue e catar lixo em um parque. Na verdade talvez não houvesse diferença alguma (p. 95).


Certos livros chegam até nós como uma espécie de mensagem de náufrago, daquelas em uma garrafinha, colocada na esperança vã e infundada de que vá achar vida inteligente e te salvar. Ou melhor dizendo: talvez o náufrago seja você e a mensagem é o livro lhe comunicando o que você precisa ouvir naquele momento. Foi assim comigo quando li A visita cruel do tempo, de Jennifer Egan. Dica do meu amigo e colaborador (ainda que sumido, mas depois falo disso) deste blog, Denis. Ele disse: acho que você vai gostar. Ele tinha razão.

O livro conta a história de personagens que chegam naquele momento da vida em que se diz: então, é isso? Em geral, as pessoas carregam sonhos e expectativas quando são crianças/jovens. Não que sonhos e expectativas sejam privilégios de jovens, mas chega um determinado momento em que você se dá conta de que as bifurcações vão ficando maiores atrás de você do que a sua frente. Por exemplo, aos 5 anos de idade você pode sonhar em ser nadadora, astronauta, médica, bailarina clássica ou atriz. Aos 15, bailarina clássica e nadadora já são opções menos viáveis se você não fez nada a respeito. Aos 30 é impossível, a não ser que você crie um novo estilo de dança clássica - que não será mais clássica. Também já complica pra ser astronauta. Enfim, o livro fala sobre isso. Sobre o momento em que você tem que lidar com a sua vida do jeito que ela é, sem falsas expectativas. Tipo: é o que tem pra hoje e a outra alternativa é morrer, qual vai ser? O livro ganhou Pulitzer e foi saudado como uma linguagem inovadora e bla bla bla (só porque a escritora escreve um dos capítulos em power point), mas pra mim tudo isso é o de menos. Depois de Joyce é difícil inventar muita coisa em termos formais. O que me tocou no livro foi a acidez-desesperançosa das personagens que lutam para sobreviver a elas mesmas. Como uma das personagens diz: "Colegas de escola de quem me lembro estão fazendo filmes, fabricando computadores. Fazendo filmes em computadores. Uma revolução, vivo escutando as pessoas dizerem. Eu estou tentando aprender espanhol. À noite, minha mãe me testa com fichas" (p. 89).

O livro fala de personagens na meia idade dos 35-40 anos. Convenhamos, quantas pessoas vocês conhecem que viveram até os 100, 120 anos? Então que mania é essa de dizermos que meia idade é aos 50 anos? [Na verdade, esse pensamento não é meu. Alguém escreveu sobre isso, talvez João Ubaldo Ribeiro, mas não tenho certeza]. Meia idade é por volta dos 40 se pegarmos a expectativa média do brasileiro. E olhe lá. Sendo bastante generoso. Veja bem, não estou querendo dizer que quem chegou a essa idade está na metade da vida e não é possível fazer mais nada. Mas tem certas coisas que não dão mais tempo. Não adianta. Talvez o livro fale do último e derradeiro golpe acerca da vida adulta. Crescer é levar um susto - se me permitem, um susto do qual não me recuperei até hoje.

A estrutura narrativa é composta de contos que se entrelaçam. Alguns dizem que é um grande romance narrado de pontos de vistas diferentes. Pra mim são contos que se entrelaçam. As personagens são absolutamente adoráveis, porque humanas. E falhas. É um livro sobre fraquezas e pessoas que não deram certo - o que faz você se perguntar o que realmente é dar certo, será que eu estou dando certo? 

A autora utiliza comparações deliciosas como "Ted refletiu sobre a questão enquanto tomava três expressos no saguão do hotel, deixando a cafeína e a vodca se cumprimentarem em seu cérebro como  dois peixes de briga" e "a massa dourada e emaranhada dos cabelos de Charlie desaba sobre seus ombros como uma janela estilhaçada". Achei muito bom, isso. 

Outro recurso que eu gosto bastante é quando o autor fala do futuro da personagem em um parágrafo sem que o livro ou conto se centre neste futuro necessariamente. Do tipo: "trinta e cinco anos depois disso, em 2008, esse mesmo guerreiro vai ser envolvido na violência tribal entre os kikuyu e os luo, e morrerá em um incêndio. A esta altura, terá tido quatro esposas e 63 netos, um dos quais, um menino chamado Joe, herdará sua lalema: a adaga da caça feita de ferro agora pendurada em uma bainha de couro ao lado do seu corpo. Joe fará faculdade em Columbia e estudará engenharia para se tornar especialista em tecnologia robótica visual capaz de detectar o mais leve traço de movimento irregular (legado de uma infância passada vasculhando o mato em busca de leões). Vai se casar com uma americana chamada Lulu e permanecer em Nova York, onde inventará um equipamento de scanner que se tornará padrão para a segurança de multidões. Ele e Lulu comprarão um loft em Tribeca, onde a adaga de seu avô ficará exposta dentro de um cubo de acrílico bem debaixo de uma clarabóia".

Qual o momento de desistir dos sonhos e se conformar com a vida real? Até que ponto desistir de um sonho é se conformar com a vida real? Em que momento vale a pena fazer um recuo estratégico? Até que ponto a vida real exige que transformemos os nossos sonhos? Qual o limite pra se fazer isso sem enlouquecer? Ou, como diz uma das personagens da turma de punks que toca em uma banda: "Quando é que um moicano de mentira vira um moicano de verdade? Quem decide? Como é que você sabe que isso aconteceu?".

Esse é o problema. Ninguém sabe.

segunda-feira, abril 09, 2012

Nove de abril


Há exatos 50 anos, meu pai e minha mãe chegavam em Gotham City com uma filha pequena (minha irmã mais velha) e muita coragem para tentar a vida em uma cidade completamente estranha. Ela, 24 anos. Ele, minha idade (35). Antes moraram pouco tempo em Coronel Fabriciano, terra de outra siderúrgica - a Acesita. A data era então - e ainda é - aniversário da Usina, porém ainda respirávamos ares estatais e a festa na cidade era grande para saudar o aniversário daquela que era então a mãe dos trabalhadores - com direito a presença do presidente João Goulart e tudo mais. Papai era médico e teve que se apresentar no hospital, onde todos os médicos encontravam-se de plantão em função da presença do presidente.

Aqui nasceram mais quatro dos seus cinco filhos, inclusive esta que vos fala. Aqui minha mãe enterrou o seu marido, meu pai, há dez anos. Aqui fez amigos, construiu casa e fincou pé. 

A cidade deve tudo que tem à Usina. Nos anos 90, resolveu privatizá-la. Hoje a cidade não é mais só a Usina. Mas ainda é muito.


Eu odeio a minha cidade. E amo a minha cidade. E tudo o que sou e penso e acredito está profundamente enraizado no fato de eu ser daqui. Se eu não fosse daqui, provavelmente não manteria a ligação próxima com Minas e Rio. Não falaria como eu falo - sem sotaque de carioca ou paulista ou mineiro. Não teria os amigos que tenho. Provavelmente não teria feito algumas escolhas. Talvez tivesse insistido em alguns erros.

As pessoas imaginam minha cidade como um réplica de Cubatão. Bom, eu nem conheço Cubatão. Vai ver é até uma cidade legal. Mas o fato é que a minha cidade é muito mais bonita do que as pessoas imaginam e tem muito mais verde do que muita cidade dita limpa. Eu odeio a minha cidade por outros motivos e a poluição, definitivamente, não está entre eles. Odeio pela mentalidade classe média. Pela falta de opções de lazer que me agradem. Mas esse é o motivo pelo qual eu odiaria quase que 90% das cidades de médio porte. Eu sou uma pessoa difícil, eu sei.

Adoro não ter trânsito e chegar em 5 minutos ao trabalho. Quer dizer, hoje em dia até tem trânsito, mas eu morro de rir das pessoas reclamando. Ainda não é nada comparado às grandes cidades. Às vezes ao invés de 5 minutos eu gasto 10. Ohhh...

Adoro a vista que eu tenho do meu quarto da Usina. Adoro todos os barulhos que esta produz de madrugada: apitos, sons de trem, buzinas...Adoro o fogo colorido que sai das sua chaminés. Como diz meu namorado: vista de Mordor. Como diz meu amigo Denis: Gotham City. Porque o céu fica rosa em determinados momentos.

Adoro o frio que faz no inverno, muito mais do que no Rio. Odeio o calor que faz no verão.

Adoro as ruas do meu bairro, ainda com as velhas casas de engenheiros, médicos e diretores da Usina. Quase um bairro fantasma, onde as casas parecem desabitadas e as pessoas só andam de carro.

Adoro e odeio o fato de eu ter voltado a morar aqui há três anos atrás, depois de treze anos fora. Adoro ver o meu velho colégio, ainda que modificado. Adoro ver tudo como era da mesma forma, ainda que completamente modificado. Assim como eu.




terça-feira, março 27, 2012

O homem possível...

Quando era novo escrevi alguns poemas, sob efeito de substâncias nocivas (a qualquer adolescente), do interior (leia-se cachaça e no máximo, no carnaval, loló).
Tenho uma lembrança, comigo, que eram pérolas literárias e que se investisse em ser escritor, seria um James Joyce de Andrelândia...
Esse era um dos lugares aonde minha mente ia nos momentos de fuga, viagem ou medo, enfim aqueles que te fazem pensar em futuros alternativos, nos quais voce se dá bem.
Um dos outros futuros era um que eu era centroavante do Botafogo FR.
Sempre fui ruim de bola e apesar de ser um bom leitor, sou um péssimo escritor.
Acho que tenho dislexia e não sei bem usar outros sinais a não ser a vírgula e o ponto! (esse tambem, o guarda-chuva fechado).
Mas sou amigo da dona do blog e sou o que tem no momento, então voces vão ter que me engulir...

Vejam este link.

segunda-feira, março 26, 2012

CV

Acabo de ver um currículo onde a pessoa botou experiências futuras. Tipo, algo que ela vai fazer ainda. 

Pensei em montar um currículo assim também. Professora universitária da Universidade Federal X. Autora do best-seller traduzido em 67 línguas e adaptado para o cinema com direção do Quentin Tarantino e ganhador de 7 Oscars. Ganhadora de Nobel de literatura e do Pulitzer de 2027.

Né? 

Aí fica fácil, gente. 

domingo, março 25, 2012

Eu tinha feito uma promessa para mim mesma que era a de nunca mais falar sobre certos assuntos aqui no blog e um deles é trabalho. Por questões óbvias. Tem sempre alguém que conhece alguém que conhece alguém. Só que o que acontece é que nem sempre eu consigo. Esse é um problema de se ter a porra de um blog sem foco. Ou melhor, cujo objeto central é a sua estúpida e banal vida. Porque depois da merda da web 2.0 e bla bla bla os blogs passam a ter nicho - moda, esportes, culinária, etc. Mas eu não tenho um nicho. Não consgio ter foco nem na minha vida, que dirá em um blog. Ou talvez meu nicho sejam pessoas um pouco cansadas, um pouco mal humoradas, que ainda acreditam um pouco na vida e no selumano (mas não muito), mas sem abusar da boa vontade, que desconfiam das coisas e que vêem o mundo com um tipo muito específico e peculiar de humor, que nem sempre é bem aceito pela sociedade. Meu nicho são pessoas especiais. É. Meio brega, isso. Mas é por aí. Meu nicho passa por achar que as pessoas que eu atinjo são únicas e especiais assim como eu acho que sou única e especial - mas todo mundo acha isso, logo todo mundo é bastante comum e...enfim. Estou me perdendo.

De modos que esse post é só uma satisfação sobre porque eu deletei aquele outro ali embaixo. Eu sei, não tinha nada demais, mas...a vida é feita de coisas que não tem nada demais e de repente viram um troço enorme e bizarro que foge ao seu controle. Feito o Goodzila.

sexta-feira, março 23, 2012

A invenção de Martin Scorsese!

Assisti ao filme a invenção de Hugo Cabret.
Sabia que ia ser legal. Me surpreendi...
Pela primeira vez Martin Scorcese abordou a temática infantil (apesar de ser um filme de nuances complexas) e usou tecnologia 3D, na minha opinião, usou como ninguém teve a manha antes!
O filme trata de abandono, solidão, amizade, incompreensão, desilusão, "magia"e amor, tudo isso com um verniz de inocência e leveza que surpreende!
Hugo é um menino que fica órfão (o pai dele é o Jude Law) e vai morar com o tio, que trabalha na manutenção dos relógios em uma estação de trem.
Lá entre roubos pra sobreviver e fuga do inspetor (Sasha Baron Cohen, o Borat!) da estação, acaba por conhecer Papa Georges (o ator que interpretou Mahatma Gandhi, Ben Kingsley), que tem uma loja de brinquedos.
Papa, na verdade é Georges Méliès, o cineasta considerado o pai dos efeitos especiais (o primeiro que filmou em stop-action e usou story-boards).
O resto do filme vocês só saberão vendo!
Destaco a atuação do garoto que fez Hugo (Asa butterfild), de sua amiga Isabelle (Chloë Grace Moritz que fez a vampira de Deixe Ela entrar, na versão americana) e do eterno Drácula, Christopher Lee, como o bibliotecário.
Enfim, um filme para crianças que tocará, talvez até com mais intensidade, muitos adultos!
Bjs e bom filme!

quarta-feira, março 21, 2012

Apresentaçāo...

Tenho 39 anos de idade (2012).
Casei (2005).
Terminei a residência de Cardiologia (2001).
Conheci minha mulher (2000).
Passei na residência (1999).
Me formei médico (1998).
Passei no vestibular (1993).
Morei um ano que valeu por mil em JF (cursinho).
Tava uma noite bonita em Ubatuba! E tomando uma cerveja e escutando conselhos do meu amigo e cunhado João Carlos, resolvi fazer medicina (janeiro de 1992).
Morei em São Paulo (fazendo estágio em eletrônica, passei na prova da CESP e iria fazer vestibular pra Engenharia eletrônica).
Santa Rita do Sapucaí MG.
Colegio das Irmãs em Andrelândia.
Grupo José Bernadino.
Aprendi a ler com 4 anos.
Minha madrinha me ensinou a ler (Dna. Dinorah).
MINHA VIDA COMEÇOU!!!!
Denis.

Novidades do reino Sublimesucumbense


Tenho novidades! A partir de hoje, temos um colaborador neste estabelecimento. Trata-se do meu amigo Denis, médico e cachaceiro. E dos bons - nos dois casos. Dizem as boas línguas, que é dos melhores (digo, médico). Rezo pra que você nunca precise dele, caro(a) leitor(a). Ele mexe com  UTI. Não seria legal precisar de seus préstimos.

Denis vai escrever...sobre o que ele quiser. Mas basicamente sobre livros e filmes, suas grandes paixões além da medicina. 

Se você quiser saber mais sobre Denis, leia este post aqui.

Ele vai assinar como Denis mesmo. Sugeri Denis, o Pimentinha. Denis, o peralta. Mas acho que ele não curtiu muito, não.

Seja bem-vindo, meu grande amigo! Sinta-se em casa! Só não deixa a cerveja espalhada pelo chão e nem mate os peixes do aquário ;)

terça-feira, março 20, 2012

O Facebook como metáfora da vida


O Facebook, assim como qualquer rede social ou ferramenta, é só uma ferramenta. Do Diabo, mas é só uma ferramenta. As pessoas é que determinam o seu uso e não o contrário. 

Falo especificamente sobre as listas. Dividimos nossos amigos no Facebook por listas e estas listas são a materialização da classificação que fazemos deles no dia a dia. Algumas listas são pré-determinadas pelo Facebook, como as listas dos Melhores Amigos, dos Conhecidos e aquelas formadas a partir dos dados que colocamos a respeito de nossa escolaridade e nos encaixam em certas listas. Algum escritor que eu não me lembro quem falava que os amigos de trabalho eram amigos aéreos. Aqueles amigos que você convive por um tempo e depois se perdem. Também não me lembro se o termo era exatamente este...enfim, não me lembro de nada...que eu tava falando mesmo?

Hoje em dia é possível personalizar cada publicação para determinados grupos de amigos. Por exemplo, se quero mandar um recado para meus alunos, posso colocar a personalização apenas para eles. Ao contrário, se quero soltar um palavrão sem medo de ser mal interpretada, restrinjo o post para alguns poucos. Tenho listas de "alunos", "blogs e internet", além das já citadas. Claro que continua a velha máxima de ter bom senso em geral. Não coloque nada completamente proibido ou pessoal no Facebook, porque vai q você esqueceu de colocar a pessoa na lista certa. Vai que o Facebook resolve confundir as bolas...puxado. Muito puxado. Continua valendo a máxima de não dar muita informação sobre a vida pessoal. Infelizmente as pessoas andam perdendo um pouco a noção e extrapolando. E é contagioso. Até algum tempo atrás compartilhar certas informações seria um absurdo. De repente, você se vê compartilhando coisas que nunca imaginou.

Outra lista muito útil, criada pelo próprio Facebook, é a lista Restritos. Esta lista é uma espécie de limbo social, pra onde você varre as pessoas que você não quer que vejam nada a seu respeito, suas fotos, seus posts e quase tudo de mais confidencial. A estas pessoas só é dado o privilégio de enxergar o que você - ou o Facebook - determina como público.

Mas pra que ter pessoas nessa lista? Não é mais fácil não ser "amiga" da pessoa? perguntaria um não usuário de Facebook. Não, não, não. Algumas. Você é obrigado a aceitar  certas pessoas como amigas. Não tem como NÃO aceitar. Assim como na vida, quando a gente tem que conviver com certas pessoas por questões variadas. Mas você pode neutralizar a pessoa de tal modo que será quase como se ela não existisse. Exatamente como podemos fazer na vida. 

Outra grande invenção do Facebook é o botão assinar e não assinar. Sabe aquela pessoa que fala demais da conta no Facebook? Tipo eu? Ou aquela pessoa que fala muita bobagem, um nível de bobagem que começa a irritar? Comentários religiosos-radicais e preconceituosos em geral? Então. Você pode continuar amiga da pessoa, para que ela não se ofenda, ela pode continuar recebendo suas atualizações, mas pode não ouvi-la. É um la-la-la-la-não-estou-ouvindo-nada-estou-com-os-ouvidos-tampados. 

E o bom disso tudo é que você pode mudar a qualquer hora e qualquer momento. Uma pessoa pode ser assinada ou deixar de ser, passar pra lista de Restritos ou sair dela etc. Sem ninguém saber.

Facebook é convivência e não declaração de amizade.
 
Infelizmente ainda não sei colocar as pessoas nas listas de Restrito na minha vida.



Oi-tono


Outono, seu lindo! Seja bem-vindo! Parece que faz séculos que a gente não se vê. Você sabe que meu coração pertence ao seu irmão, o Inverno, incondicionalmente, mas a culpa não é sua. É porque você é sempre muito tímido por aqui, aí eu tenho q esperar por ele. Ele tem aquele jeitão sisudo e sério, mas é só aparência. Ofereça um chá ou chocolate quentinho, acenda um fogo e ele logo se mostra afável e te abraça. Mas tivemos nossos momentos, eu e você. Ah, vai...tivemos sim! Quando a gente se encontrou, lá em cima do mundo, foi tudo lindo e mágico e maravilhoso... Lá você é minha estação favorita, a de mais cores, e não é à toa que coincide com o meu aniversário. O tom das folhas verde-amarelado, laranja, cobre, laranja-avermelhado, vermelho-amarelado e mais uma miríade de combinações são das memórias mais lindas que minhas retinas já tão fatigadas carregam. Aquela sua prima, a Vera, é que é realmente é uma cretina. Só falta estender um tapete de flores para o Verão - cruz, credo! Já vai tarde - passar. São tão parecidos que às vezes me confundo entre eles. O Verão é muito estourado, sabe? A gente não se dá bem. Ele não dá espaço pra nada, te obriga a sempre fazer os mesmos programas... Ao contrário de você, cuja luminosidade suave vai descendo em degradê até deixar que o Inverno tome conta de tudo. 

Então venha e cumpra o seu papel, o que lhe é de direito: faça cair todas as folhas, todas as máscaras; todos os planos já cumpridos e desejos já realizados; todos os frutos que brotaram férteis, mas, como tudo na vida, também apodreceram. Continue o ciclo. Mantenha a roda girando.


Venha, Outono, e me faça corajosa o suficiente para também perder as minhas folhas. 


Inspiração do dia

Tipo assim...





(Aviso ao Ecad: me erra!)

segunda-feira, março 19, 2012

Roger Walters, só que ao contrário

Hey, kids! Leave them teachers alone!

Hoje, mais do que nunca







"Fui para os bosques porque pretendia viver deliberadamente, defrontar-me apenas com os fatos essenciais da vida, e ver se podia aprender o que tinha a me ensinar, em vez de descobrir à hora da morte que não tinha vivido. Não desejava viver o que não era vida, a vida sendo tão maravilhosa, nem desejava praticar a resignação, a menos que fosse de todo necessária. Queria viver em profundidade e sugar toda a medula da vida, viver tão vigorosa e espartanamente a ponto de pôr em debandada tudo que não fosse vida, deixando o espaço limpo e raso; encurralá-lo num beco sem saída, reduzindo-o a seus elementos mais primários, e, se esta se revelasse mesquinha, adentrar-me então em sua total e genuína mesquinhez e proclamá-la ao mundo; e se fosse sublime, sabê-lo por experiência, e ser capaz de explicar tudo isso na próxima digressão" (Henry D. Thoreau em "Walden ou A vida nos bosques").

Boa semana para todos. Uma semana de vida de verdade ;) 


E para ilustrar esse momento:



sexta-feira, março 16, 2012

Pensamento do dia

"Tá ardendo, mas tá entrando" (INJEÇÃO, Deise da).

quinta-feira, março 15, 2012

Tendo várias ideias estapafúrdias sobre a nova vida que eu estou inventando pra mim a partir de agora. E o que é pior: nêgo só acreditando e me dando força.

sábado, março 03, 2012

Eu preciso mudar de vida. Mais uma vez. Eu tô sempre precisando mudar de vida. Eu estou sempre insatisfeita com os rumos que a minha vida está tomando. Sempre, não. Houve momentos. Eu sei que houve e não posso esquecê-los, ainda que o presente insista em botar uma névoa em cima de tudo.

segunda-feira, fevereiro 13, 2012

Um conto de Carnaval


(Oi pessoas! Achei isso no meu computador. Um conto inacabado. Na ausência de coisa melhor pra postar, resolvi compartilhar. É bem apropriado para o momento. Nem me lembrava que eu havia escrito isso). 


Luísa sempre odiara Carnaval. Ainda pequena sua mãe a fantasiava de baianinha e levava-a as matinês do Guaraciara Campestre Clube. O pesado turbante, a saia rodada, de babados – como aquele tecido pinicava! -, os brincos de argola, pulseiras e colares, aliados ao forte calor de fevereiro ou março quase sempre a faziam passar mal no meio do baile. Hordas de crianças pulando e berrando, junto a mães histéricas que batiam fotografias o tempo todo e um leve odor de guaraná e suor eram sua maior lembrança desses dias de horror. Gostava de se sentar em um canto do salão e juntar confetes em um copo de plástico. Mas sempre que conseguia se divertir minimamente dessa forma a mãe ou alguma tia ou primo logo a encontrava. Tá fazendo o que sentadinha aí, trisitinha? – perguntavam.  E lá ia Luísa, rebocada às pressas para algum trenzinho ou – terror dos terrores – para o campeonato de fantasias. Não havia argumentação racional com a mãe de Luísa. Ela sempre queria vencer o concurso de fantasias da matinê, o Foliã Garaciara Mirim, para isso vestindo a filha de indiazinha, baianinha, garotas superpoderosas, anjinho, Minie,  coelhinha...
A angústia começava logo depois do ano novo, em janeiro, quando Dona Almerinda, mãe de Luísa, tinha suas brilhantes idéias de fantasias. Tudo para derrotar Renatinha, a princesinha do Guaraciara Campestre Clube, a única eleita por cinco anos consecutivos a Foliã Mirim. Renatinha parecia ter nascido para o Carnaval. Suas fantasias eram sempre as mais originais. Quando todos apostavam nos super-heróis da vez ela surgia com uma fantasia tradicional de espanhola, com sapatos de salto, castanhola e leques. Quando, no ano seguinte, todas resolviam fazer elaboradas fantasias de colombinas ela surgia como a personagem da novela das sete. Impossível concorrer com Renatinha. Ela não suava. O penteado não desmanchava. Mantinha constantemente um sorriso no rosto. O confete não grudava em sua pele. A maquiagem não derretia. Renatinha era simplesmente perfeita. Todos os meninos queriam ser seu par, enquanto Luísa tinha que se contentar com seus primos gêmeos Ricardo e Rodolfo, dois anos mais novos que ela e, portanto, infinitamente pirralhos, como ela sabia.
O que sempre a incomodara no Carnaval era a obrigação de ser feliz. Quatro dias em que você não podia se dar ao luxo de ficar quieta nem um só instante. Quatro dias para gritar, pular, se vestir com roupas improváveis, beber...veja só o seu Eustáquio, o vizinho da frente. Durante o ano todo ele era um pacato contador que vinha do trabalho pra casa, da casa pro trabalho, pai de duas meninas e marido exemplar. Durante o Carnaval Seu Eustáquio podia ser visto diariamente com a mesma (minúscula) fantasia de mulher, maquiagem borrada, peruca torta e aos berros. A mulher, Jandira, bradava em alto e bom som que assim não era possível, que desse jeito pedia o divórcio e não sei mais o quê. Na quarta feita de cinzas é como se o casal tivesse se mudado dali e dado o lugar para outro casal. Seu Eustáquio aparecia com o semblante fechado de sempre e Dona Jandira reclamando da carestia da vida e falando sobre a pouca vergonha das fantasias de carnaval. Como se aqueles quatro dias tivessem sido uma espécie de salvo-conduto do marido.

(Continua...ou não)

sexta-feira, janeiro 20, 2012

segunda-feira, janeiro 09, 2012

Eles podiam tá roubando, podiam tá matando...

Desculpe interromper o silêncio da sua leitura. Venho aqui pedir uma contribuição para a Cia de Dança que a Carol, minha prima, participa. Projeto muito legal. Você pode contribuir com qualquer quantia, desde 10 reais até quanto você quiser. Em troca você ganha brindes (tipo aula de dança, ingresso...) e caso o projeto não role eles devolvem o dinheiro. O projeto dela é esse aqui, mas há diversas outras iniciativas no site. Eles precisam arrecadar uma grana lá e falta pouco tempo.

Comece o ano sendo um mecenas e tire onda com os amigos.