quarta-feira, setembro 30, 2009

Karen, durante nossa troca de conversas semanais, me ensina uma expressão nova: I'm chained in my desk (eu estou acorrentado a minha mesa), pra quando a pessoa está lotada de trabalho. Ela dizia isso sobre o fim de semana que vem dela.

Depois ela me perguntou se nós temos algo semelhante. Ahnnn...acho que não.

Formiga Irmã me corrige: com as costura pertada!

É. Deve ser o nosso equivalente.

terça-feira, setembro 29, 2009

Vai que é tua, Tóquio!

Ou Madrid, ou Chicago ou qualquer cidade que tenha condições de fato de sediar um grande evento.
Ou que eu tenha passado pra uma universidae pública, já tenha cuprido o estágio probatório de três anos e esteja na puta que o pariu, bem longe do Brasil.
Já me basta a Copa.

Mais uma dúvida para os meus intrépidos leitores...

Preciso de um conversor de word pra pdf. Baixei um que não foi legal. Vocês têm sugestões? O próprio site do Adobe te dá um de teste, por 30 dias. É bom?

E, tipo...diminui o tamanho convertendo pra PDF? Mesmo? Quanto? Eu preciso fazer uma tese que tem quase 59.000 KB virar um pouco menos de 3M. É possível?

Agradicida.

segunda-feira, setembro 28, 2009

Free Polanski

Revoltada com a prisão do cineasta Roman Polanski em solo suíço. O cara vai lá pra ser homenageado e – pimba! – um mala de um policial que não tem o que fazer em Los Angeles pede a extradição dele? E o tráfico em LA, tá como? E as celebridades dirigindo bêbadas?

Polanski, para quem não sabe, foi acusado de drogar e abusar sexualmente de uma menor de idade, em 1973. Pedofilia, pra mim, é um dos poucos casos em que a pena de morte é passível de discussão (com direito a requintes de crueldade), mas...13 anos? Vamu combiná, né? Não digo que ele não tenha tido nada com ela, inclusive ele se declarou culpado na ocasião, mas...A própria moça já retirou a queixa. No Globo de hoje saiu que isso teria sido uma armação da mãe dela.

Polanski sempre teve preocupação de só visitar locais que não possuíam tratados de extradiação com os EUA e nem quando ganhou o Oscar por “O pianista” pisou em solo estadunidense. Aí vem a mala da Suíça e prende o cara no aeroporto?

Já estou recolhendo dinheiro para ir pra Suíça e me postar em frente à delegacia com cartazes de apoio.

Gente! O cara teve a esposa morta, grávida de oito meses, pelo Charles Manson. Cara...quando eu lembro disso eu penso: como uma pessoa dessas se levanta todos os dias da cama?

Double Pack de cu é rola.

Nossa amiga Nervocalm alertou nos comentários e eu, que conheço pouquíssima coisa de Jane Austen e nem sabia quem era Edith Warton fui conferir.

Comentava no post anterior que assisti a uma sessão chamada Double Pack (ou doublepack) no AXN no sábado. Imagino que tenha todo sábado. Passam-se dois filmes seguidos que eu imagino que tenham alguma coisa em comum, alguma coisa a ver um com outro (se não não se chamaria Double Pack, certo?). Como a direção de um é do Scorsese e do outro do Ang Lee, como não há nenhum ator em comum nos dois filmes, achei que fossem ambos filmes inspirados na obra de Jane Austen (daquelas anta, né? Que vê um vestidinho e acha que é tudo século XIX, logo é tudo Jane Austen). Fui eu que falei isso, não o canal. Fui checar e vi que “A época da inocência” é inspirado num romance da Edith Warton (prazer, Carrie). Bem que eu achei meio estranho, já que até onde eu saiba (que é pouco) a Jane Austen só escreveu livros passados na Inglaterra/Europa este último era passado em NY.

Aí fiquei pensando: então é Double Pack do quê, seu AXN? De século XIX? Forçô, hein? Mesmo porque, “Razão e Sensibilidade” é de 1811 e a Edith Warton nasce em 1862...(a pessoa tem seis pacotes de prova pra corrigir, mais documentação do concurso pra arrumar e tá aqui...) logo, fiquei intrigada porque o diabo da sessão se chama Double Pack. Apenas porque são dois filmes juntos?

Aí fui verificar no que consistia a sessão Double Pack e achei esse interessantíssimo e profundo artigo. Entro no site da AXN e descubro existem temas para Double Pack, Double Pack Thriller, Double Pack Nicholas Cage. Confiram. Eis que, o Double Pack a que eu assisti estava no título de...épico. Épico? "Razão e sensibilidade" e "Época da inocência" são épicos? Pra mim épico era Gladiador, Spartacus, 300...

Aí me dei ao trabalho (como eu não tenho nada pra fazer) de digitar: "o que é um filme épico?" (eu sei, mas queria uma definição melho). Segue: isso e esse blog.

Oquei, né? Então tá. Então vamos aceitar que Razão e Sensibilidade e A época da inocência são épicos. Melhor do que dizer que são filmes do século XIX ou filmes da Jane Austen.

Deixa eu voltar para os meus six packs. Que podia muito bem ser outro tipo de six pack ou outro ainda, but...a vida é dura.


domingo, setembro 27, 2009

Embalos de sábado à noite

Fui falar tanto dos meus leitores que sonhei com a Ila e o marido (que eu nem conheço, nem pela internet) essa tarde! Dormi de 2 às seis e pouca? Fuga? Nããão.

Meus sábados têm sido assim: acordo, tomo café, leio jornal, faço exercícios, tento fazer alguma coisa de trabalho, mas o desânimo é tão profundo que eu prefiro dormir. Acordo, não faço nada e volto a dormir mais tarde.

Aí acordei e fui beber. Quer dizer, primeiro eu lanchei e dei um tempo. Aí me dei conta de que só me restava o álcool. E uma maratona Jane Austen no AXN. Doublé Pack: Razão e sensibilidade e A época da inocência.

Eu confesso que nunca gostei muito de Jane Austen. Achava os livros muito água com açúcar. Mas hoje eu mudei de ideia. Acho que vou até tentar reler meus livros dela. Talvez eu apenas achasse que compreendia as sutilezas dela. Hoje eu realmente compreendi. Chorei litrusssss. Descobri o Dr House fazendo ponta em Razão e Sensibilidade.

Tinha propostas emocionantes para sair. Do tipo ir ver o Detonautas (ironia e sarcasmo) e a única opção minimamente decente da cidade, mas nem por isso boa . Daí mamãe ponderou que eu já tinha bebido o suficiente. Meia garrafa de vinho, só. Eu, tentando argumentar:

- Mas, mãe, desse jeito eu não arrumo namorado!

- Você saiu a vida toda e nunca arrumou nada que prestasse.

Yep. She definitely has a point. Como aliás, as mães sempre tem.

Peguei minha taça e vim terminar de ver a Michelle Pfeifer e o Daniel Day Lewis, com a Winona (pré-mão-leve) Ryder de brinde que eu lucrava mais. Aliás, super me identifiquei com a Michelle, numa Nova York provinciana tentando ser uma mulher independente mesmo diante dos comentários maldosos.

Também super me identifiquei com as irmãs Dashwood. Somos eu e Formiga Irmã. Até morar no country a gente mora. Espero que, assim como elas, depois de tanto sofrer no final eu também encontre o amor.

E pensar que há um ano atrás eu morava em New York...

Boa noite. Hic! Saúde!

sábado, setembro 26, 2009

Uma boa ideia*

Comemorando o 51º seguidor deste blog. Na verdade, A 51ª seguidorA. É a Silvana! Palmas para ela auditório! Silvana veio com a caravana de Porto Alegre! Silvana se autodefine como: "Um paradoxo... Exímia dançarina do copérnico e da coreografia do Não Se Reprima... Visceral... Ama as palavras sobre todas as coisas...aspirante a poeta, aspirante a escritora, aspirante a muita coisa...". Tem o blog Olhos de ressaca (acho que já tinha entrado, mas não me lembro ao certo).
Caramba. 51 pessoas entram no meu blog quase diariamente. Eu sei que é mais do que isso, porque muita gente entra todo dia, mas não segue - e tem gente que segue e não entra todo dia. As visitas diárias ficam em torno de 150 a 200 hoje em dia (de uns tempos pra cá caíram, já foram quase 300 e já tive dias - raros - de 1.000 visitas diárias). Em uma época em que quase todo mundo tem um blog ter duzentos visitantes diários, muita gente que nem me conhece e entra apenas pelas palavras que eu escrevo, é muito legal. Muito, muito legal. E não vou ser modesta e dizer que "não mereço". Eu mereço, sim. Eu escrevo coisas muito legais. Não dá pra ser muito legal todo dia, porque é difícil ser muito legal todo dia. Mas a média é legal. Meu blog é legal pra caralho! Hahahahaha...eu me divirto lendo meus próprios posts! Sabe quando você entra em um blog e pensa: "cara, que legal, eu poderia ter escrito isso?". Pois é. Eu leio e penso: "eu poderia ter escrito isso!"´, aí eu paro e lembro: "eu escrevi isso!". Hahahahahaha...eu sou tão engraçada com a minha falta de modéstia!
Obrigada, leitores todos, muitos queridos. Sem um pingo de hipocrisia, este blog é feito para vocês. Sem vocês, ele seria apenas um arquivo de word ou um caderno numa gaveta. Eu amo cada um dos meus leitores e penso em cada um deles quando escrevo um texto. Ou não escrevo. Muitas vezes penso: "não vou escrever isso, porque pode chatear Fulano". Ou tem coisas sobre as quais eu meto o pau e depois vejo um comentário da pessoa no Twitter, um papo no msn e pensO: "putz! Ele deve ter odiado aquele post!". Ou: "ah, então é por isso que ela fez aquele comentário mal criado".
Agora de algumas coisas eu continuo falando mal e vou falar mesmo que desagrade as pessoas. Como, por exemplo, sobre certos ritmos musicais, certas atrizes de TV e certas religiões que vendem terreno no céu.
É isso.
(* perdoem-me o trocadalho do carilho)

sexta-feira, setembro 25, 2009

Onde está o "te dou um dado" que não viu isto?



Alguém conhece gêmeos na vida real que sejam de personalidades opostas? Todos os gêmeos que eu conheci até hoje são extremamente parecidos em termos de personalidade. Mas na ficção eles são sempre gêmeo bom/gêmeo mau.



* * *


A boca de uma famosa atriz da novela das oito foi inspirada em nossa rica fauna local.








Que atriz é essa?


* * *

Adoro atriz que diz que "recebeu um presente" com a personagem e que chama o autor pelo apelido, para denotar intimidade. Também gosto daquelas que dizem que "está sendo um desafio".

* * *





Zeeeenti! E a Letícia Spiller fazendo papel que mulher-cujo-casamento-de-muitos-anos-já-está-desgastado????!!!! A mulher é quase da minha idade! Tá bom, uns 4 anos mais velha...Como diria Ana Paula Arósio, na Globo é assim: numa novela a pessoa é a mocinha, na próxima é a mãe da mocinha.



* * *


A melhor notícia da semama foi Francine Piaia, ex-BBB usando seu blog para apoiar a apresentadora Monique Evans, que enfrenta uma depressão há três meses. Segue o trecho, tirado do site da Who Happens:



“Minha linda, você sabe o quanto é difícil carregar um fardo nas costas. Ser uma mulher tão talentosa, linda e incrivelmente simpática a torna alvo de muita inveja. Não deixe que nada te tire o sorriso desse rosto que é tão lindo. Ás vezes é bom ficar sozinha. Eu sofri demais sozinha e sei como é. A gente coloca as idéias no lugar, posiciona as coisas e dá um tempo pra cabeça...”, explicou. A gaúcha também se colocou á disposição de Monique para ajudá-la a enfrentar a doença.

(Pelo visto o pessoal da site da Quem não conhece a tecla Shift, já que todas as crases saem como acento agudo. Ou talvez eles não conheçam a crase).

Continuando:


“Saiba que a Fran estará aqui. Sempre de braços abertos pra te receber. E eu só quero o teu bem e tua felicidade. No mundo um dia a gente ganha, outro a gente perde e nos demais a gente luta. Te amo e quero que você volte com tudo”, disse.





Ou seja: se você tem depressão a culpa é da inveja. Que antidepressivo, que nada! Tome um banho de sal grosso que você se cura. Vou avisar aos psiquiatras.



Detalhe: eu fico boba, realmente boba de ver como esse povo cura a depressão num tapa. Quem realmente tem essa doença sabe que é uma vida de luta pra simplesmente mantê-la sob controle, já que a cura completa não existe, e neguinho cura em 6 meses.

Eu realmente sou uma pessoa muito lenta.





segunda-feira, setembro 21, 2009

Legados de sobrinha

Chuva, chuvisco, chuvarada
(
Cocoricó)

Chove, mas como chove

Chuva, chuvisco, chuvarada

Por que é que chove tanto assim?


A terra gosta da chuva

E eu gosto da chuva também

Ela lá e eu aqui

Cocoricó

Quiquiriqui


Chove, mas como chove

Chuva, chuvisco, chuvaradaP

or que é que chove tanto assim?

Lararáaa


Quando chove

A terra fica molinha

A planta fica verrrrdinha

E eu fico todo molhado

Com o pé na lama e nariz tapado

Minha vó me chama:"menino vem cá vem tomar chá

Vem comer bolo de cenoura

Com cobertura de chocolate quente"

Bom muito bom muito mais do que bom

É excelente


Oh que tarde tão bela

Banana quente no forno com açúcar e canela


Chove, chove, chove deixa chover

Enquanto tiver bolo de cenoura a gente nem vai perceber


chove, chove, chove, deixa chover

comendo banana quente a gente nem vai perceber


bom muito bom muito mais do que bom é excelente (bis)
Enquanto tiver bolo de cenoura

A gente nem vai perceber

Chove, chove, chove deixa chover

Comendo banana quente

A gente nem vai perceber

quarta-feira, setembro 16, 2009

O deserto de cada um


José Castello, crítico literário do Globo (contribui especificamente para o Prosa & Verso), no P & V de sábado retrasado, de 05/09, fez uma crítica sobre o livro “No teu deserto”, de Miguel de Souza Tavares, que estará domingo que vem na Bienal, no Café Literário. Neste artigo ele aproveita a metáfora do deserto – que é tema do livro de Miguel de Souza Tavares, tanto literal como metaforicamente - para falar sobre os desertos que cada escritor atravessa para escrever.

José Castello diz que todo escritor atravessa um deserto, que, evidentemente, é único para cada escritor. Para Fernando Pessoa eram as ladeiras de Lisboa; para Machado, as ruas do Rio; para Graciliano, estava na própria palavra. “Virgínia Woolf trazia o deserto dentro do peito [...] vivia atordoada por sombras (miragens) e acreditava possuir sentimentos que não podia nomear (sentia-se seca). Trazia o espírito sacudido por uma ventania de vozes, que lhe doíam tanto que achou melhor afogar-se – nas águas de um rio – do que sufocar no pó”, diz Castello. E “para Clarice, estava além das palavras, era uma reserva arcaica de mudez e de silêncio que nossa vaidade nos impede de acessar”.

Penso que todos nós, escritores ou não, temos nossos desertos. E a forma como conduzimos nossas vidas é a forma de lidarmos com esses desertos (nem sempre lidar significa atravessá-lo, às vezes lidar vem da constatação que nunca seremos capazes de percorrê-lo, mas é preciso encarar o deserto de frente).

Eu escrevo porque eu também tenho um deserto. Sim, eu escrevo. Ao contrário da Fernanda Torres que escreveu uma peça e disse que tem vergonha de dizer que escreve, pois quem escreve é Shakespeare ou Tchecov, eu escrevo. Eu não sou nem Shakespeare, nem Tchecov, nem sequer a Fernanda Torres, mas eu escrevo. Ainda que meus leitores sejam os 200 acessos diários – uns mais, outros menos. Eu escrevo. Eu escrevo porque se você não acha que o que você escreve é digno de dizer “eu escrevo”, então não escreva.

Meu deserto é o espaço entre mim e os outros. Entre mim e o mundo. Que às vezes diminui, em outras aumenta. Desde criança eu sou atormentada pelo fato de que se o que eu vejo e como vejo, é igual ao que os outros vêem. Se o que se passa dentro de mim é igual ao que se passa dentro dos outros. Daí meu medo, constante, de ficar maluca. Porque ficar maluca, para mim, é descobrir que o que eu penso não é igual ao que ninguém pensa. E realmente não é, como não é o igual ao que ninguém pensa. Ao mesmo tempo em que é – os textos que eu mais recebo comentários de identificação são aqueles mais íntimos e, teoricamente, mais “únicos”.

Mas o meu deserto é esse. Um imenso e inenarrável gap entre mim e o mundo que me cerca. Seja em atos, palavras ou pensamentos. Planos de vida. Sonhos. Durante muito tempo eu tentei ignorar esse gap. Eu tentei achar o meu lugar no mundo, achando que o que faltava era apenas encontrá-lo, até descobrir que ele não existe. Pra muita gente ele não existe, eu sei. E eu teria que cavá-lo com as minhas próprias mãos, pois descobri que não existe nem a ferramenta pra cavar o meu lugar. Além disso, o meu lugar é feito de areia da praia fininha em dia de muito vento – ou talvez melhor dizendo: areia do deserto. Quando eu acho que eu o cavei, ele muda em cinco minutos. Moldá-lo merece uma precisão de um artesão, além de uma observação atenta dos ventos. Olho pra trás e minhas pegadas não estão mais lá. Tudo se dissolve aos meus olhos. E eu penso: cadê? Sequer consigo saber se caminhei ou se continuo parada no mesmo lugar, pois a paisagem parece ser a mesma. Aliás, essa é a pior parte dos desertos. Você não tem um ponto de referência e parece que está rondando no mesmo lugar.

Eu estou a tempo demais envolvida com os preparativos para cruzar o meu deserto. Mais do que eu sou capaz de suportar. Em um desses lugares que eu cavei com minha própria mão na areia fina eu descobri que a única forma de lidar com o meu deserto é criando. Mas eu olho pra trás e o vento levou meu lugar. E eu duvido que ele tenha existido algum dia. Penso que o deserto, o excesso de sol e a ausência de imagens outras produz miragens que nos confundem.

Eu simplesmente não agüento o que a maioria agüenta. E vice versa. Eu não consigo ficar num emprego mais ou menos. Simplesmente não consigo. E outras tantas coisas na minha vida.

Nunca vou me esquecer de uma tirinha do Calvin - que eu sempre adorei – que a minha amiga Fló me deu lá pela sétima ou oitava série, mais ou menos. A tirinha era o Calvin sentadinho na carteira, assistindo aula, aparentemente calmo. Daí em um momento seguinte ele simplesmente saiu correndo da sala, com todo mundo olhando espantado, pois ele simplesmente não agüenta mais ficar ali. No momento seguinte ele é capturado e volta pra sala. Fló me deu e disse: “isso é a sua cara”. Deve estar colado em alguma agenda. Mas o pior é constatar que continua sendo a minha cara. Eu continuo tendo um impulso irrefreável de sair correndo dos lugares. Mesmo – e principalmente – quando eu estou aparentemente calma.

segunda-feira, setembro 14, 2009

Pode vir, nave-mãe! Tô pronta.

Então é sério, a Fernanda Young vai mesmo posar nua? Não era só retórico aquele papo de 10 razões pelas quais ela posaria nua? Eu não sei o que é pior. Ela posar nua ou se justificar.

Eu não tenho palavras. Eu as procuro, em vão - e só Deus e Formiga Irmã sabem como é difícil que as palavras me faltem.

Viva as BBBs que afirmam, com todas as letras, que fazem isso apenas pro dinheiro. Viva o erotismo brega, sem pseudo-intelectualizações.

O óbvio ululante.

Era só uma questão de tempo para que viesse à tona. Sobre aquela história que eu contei aqui outro dia? Pois é. Descobriu-se que o cara era inocente. O que não vem absolutamente ao caso. Se fosse culpado teria se justificado a barbárie cometida? Nunca. Jamais. Mas eu já esperava por isso. Aliás, eu tinha quase certeza. Afinal, julgamentos precipitados e acusações de uma mãe que, na idade de 18 anos já se encontra grávida, pela segunda vez, de outro marido, não podem ser tomados com precisão por ninguém. Indícios apontam que a própria mãe teria matado a criança.

E como o grotesco não dá tréguas, agora vem à tona que o episódio do linchamento foi gravado – mais uma amostra de que o futuro, no sentido tecnológico, não está mal distribuído – por câmeras de celulares da própria população que o linchava. E, rapidamente, jogado no youtube e transformado em DVDs de 5 reais, vendidos no camelódromo da cidade com direito a fila de espera, como me conta o meu amigo Alexandre. Esses dias Formiga Irmã entrou em sala e os crânios dos alunos estavam vendo animadamente em frente a um laptop.

Mamãe me conta que o nosso “bispo comunista” (só para continuar lembrando de Nelson), o nobre e honrado (isso não foi uma ironia, ele realmente é nobre e honrado, ainda que bispo) Dom Waldyr, anuncia na missa de sábado: pelo nosso irmão massacrado injustamente, rezemos ao Senhor.

Rezemos ao Senhor, mesmo. Por nós mesmos e pelo que nos transformamos. Pela nossa estupidez que me faz ter vergonha não de pertencer a Volta Redonda, mas a esse país - diria à raça humana, mas seria injusto. Me envergonha perceber que o choque das pessoas é maior ao constatar que o cara era inocente – como se o fato dele ser culpado justificasse o massacre.

Gostei de ler uma entrevista da Glória Perez dizendo que quando sua filha, Daniela, morreu assassinada ela teve dezenas de propostas de facções criminosas do Rio para apagar o Guilherme de Pádua e a Paula Thomaz dentro da prisão. Bastaria que ela dissesse uma única palavra em uma das entrevistas (correção: uma espécie de senha) e em dez minutos eles morreriam. Ela sequer sujaria as mãos e ninguém nunca saberia. Mas ela nunca disse. Ela se policiava para nunca dizer a palavra. E conseguiu, através da sua luta pessoal, mudar a legislação de um país (aquela que dizia que réu primário, mesmo em crimes hediondos, contava com atenuantes). Ainda que não tenha conseguido mudar a lei que os soltasse alguns anos mais tarde.

As pessoas gostam sempre de dizer: “e se fosse sua mãe, sua irmã, sua filha que tivesse sido estuprada, esfaqueada, morta, esquartejada, o que você faria?”. Glória Perez é o melhor exemplo. Teve a filha morta a tesouradas por um colega de elenco de uma novela escrita por ela mesma (penso em como ela deve ter lamentado ter dado este papel a ele), numa mórbida história onde a vida imitou a arte de forma macabra. E ela não cedeu. Ela preferiu se manter na justiça e no caminho do Bem – sem medo de parecer piegas com esta frase, mas há que se precisar o caminho do Bem, seja qual for sua crença, laica ou não; o caminho do Bem existe e, como disse o Lima Duarte no último capítulo da novela, já que estamos falando de Glória Perez, ele tem que existir ao lado do Mal, dentro da cabeça do homem para que, enfim, ele possa escolher (afinal se só existisse o Bem, qual a vantagem em escolhê-lo?). Ela preferiu acreditar que fazemos parte de uma coisa chamada Estado de Direito, por pior que ele seja. E todos devem ser julgados perante à Lei.

Rezemos para que as Luzes não sejam sobrepujadas pelas Trevas do obscurantismo. De nenhuma forma.

Cultura, por favor


Minha amiga Karen manteve um blog durante sua estada no Brasil. Agora mantém de lá, de NY, sempre refletindo sobre culturas - no plural. It’s good, because we can “kill the saudade” of each other e de nossos países adotantes, da qual acho que fomos trocadas na maternidade (embora, ainda que de maneira torta, sejamos as mais típicas representantes de nossos países, já que a cultura não cabe em estereótipos, por mais verdadeiros que estes provem ser). Fica ela lá, querendo achar escolas de samba em NY para tocar o pandeiro que comprou aqui e eu cá, tentando achar...sei lá o quê. Mas certamente essa é a metade da graça das viagens: o sentimento de que algo ficou faltando - e sempre faltará - e que alimenta o desejo de voltar. Ou talvez para mim a graça de ter morado em um outro país tenha sido, enfim, encontrado o lugar de estrangeira ao qual eu sempre petenci e experimentei dentro de minha própria pele durante toda a vida, desde o primeiro instante neste planeta. Com se, enfim, houvesse um descompasso palpável, material e perceptível que justificasse - ou de certa forma anulasse - meu desacerto interno, de modo que essa soma improvável entre dois pólos negativos tivesse, enfim, produzido uma postividade que se mostrou cheia de sentido.
Nunca tive uma amizade com uma pessoa de outra nacionalidade e é engraçado ver a mim mesma sob outra ótica. Descobrir-se tão verdadeiramente brasileira a partir de outros olhares e poder fazer graça disso tudo, afinal, nada mais patético do que achar que é possível esquecer as suas raízes. Ver os cacoetes culturais transparecendo, ainda que os queiramos escondidos.

No último dia em que me encontrei com Karen no Rio dei-lhe de presente sabonetes com aromas brasileiros - coisas que nem eu conhecia, tipo Muro Muro e outras plantas exóticas da Amazônia combinadas a frutas tropicais. Queria dar um presente típico e que a fizesse lembrar do Brasil. Ela me disse que nunca se esqueceria daqui e que eu já era suficientemente típica.



Continuaremos nossas exchange conversations via skype. Mas, agora o português dela é visivelmente melhor do que o meu inglês. Shame on me. Não sou tão disciplinada quanto ela para os estudos. Fazer o quê. Não possuo o pragmatismo anglo-saxão de Karen. Tenho apenas a sabedoria porosa e superficial malemolente que me serve o tempo suficiente para eu me safar e depois me abandona. A cultura me marca, mesmo - e principalmente - quando eu luto contra. Mesmo quando praguejo contra o calor e os trópicos, minha languidez fala mais alto e o espírito queda-se em uma rede de crochê com um baiano cantanto uma dessas canções insuportáveis que eu tanto detesto sobre fins de dias em praias paradisíacas.

O nome do blog é Culture, please. Deliciosas descrições sobre o óbvio, como por exemplo, pastéis que ela comeu nos primeiros dias, em SP: "Pastels are rectangular pockets of fried dough filled with an item of your choosing". E outras, sobre algumas frutas que eu não consegui identificar: Without any grocery list, I took my piping hot pastel and strolled down the market aisles. Right and left the vendors called out, "buy these limes," "over here little pretty one," "mangos!," "do I have a deal for you little white girl!" I stopped at a fruit stand and was immediately surrounded by two scheming vendors, quick to realize my foreignness. I told them I wanted to try some fruit. Right and left they cut me pieces of the strangest and most delicious sorts of tropical fruit--fuschia-hued pitaya, tart, seedy maracuja, which I ate with a spoon fashioned from a piece of the fruit's own peel, red-organge caqui, and the most bizarre specimen of fruit, dark maroon shell on the outside with white, garlic-clove shaped flesh on the inside.

sábado, setembro 12, 2009

I'm a blueberry pie (to LM)

E pros que não viram esse filme.

Socorro, o mundo é brega e eu estou nele!

Sem noção o perfil no orkut do Blota Filho, o marido da Maitê em Caminho das Índias. Quem me contou foi o Christian Pior no Twitter (como se diz no Twitter: RT! Hahahaha tô apanhando taaaanto!). O maluco bota auto foto de cueca, no espelho. Tira foto com a manicure, com o cabelereiro (detalhe: ele é careca). E ainda por cima dá o telefone de casa! Hahahahaha...desculpa, mas pede pra ser sacaneado, né? Implora. O livro dele o ano passado todo foi "O segredo". Hahahahaha...não consigo me conter.

Cadê que a Globo proibiu os atores de ter blog, orkut e twitter? Se bem que ele nem contratado da Globo deve ser, coitado.

Tenho dó, mas nem ligo.

terça-feira, setembro 08, 2009

Rendida

Eu sabia que esse dia chegaria. Eu evitei ao máximo, mas como tudo na vida, chega um dia em que você se rende, simplesmente porque não consegue mais lutar contra a corrente.

Eu entrei no Twitter e no Facebook. Segue aí meus contatos: Twitter:
www.twitter.com/cwaestranha (não se deixe levar pelas imitações. Há outras Carries Whites ou Carries, a Estranha, mas o meu é esse, com a mesma caricatura de Ila Fox. E facebook: Carrie White. Não sei se há outras, mas acredito que sim, afinal nem meu pseudônimo é original.

Eu nunca entendi porque uma pessoa que tem blog pode querer ter um twitter, mas dizem que eu vou aumentar meu número de leitores, então tá. Vou tentar atualizar o blog por lá – mas aí já é outra coisa pra eu fazer na minha já atribulada vidinha formigal. Ok, as teorias são todas ótimas sobre twitter, mas continuo dizendo: quem fala isso é porque não tem um blog. Mas, insistiram, me convidaram, tá lá. Pronto. Podem me adicionar. Só avisem quem são vocês. Sem avisar eu não adiciono.

Don't kill the messenger - part II

O que você escuta é 50% sua e somente sua responsabilidade. E nem estou dizendo isos a partir de uma leitura autoajuda de “filtre o que é melhor pra você”. Não. Estou falando pragmaticamente. Racionalmente falando. O que você escuta – pro bem ou pro mal – é metade sua responsabilidade. Tem pessoas que insistem em ouvir o que não foi dito. Daí os maus entendidos. Mas isso é problema só e somente só dela. Você não tem nada a ver com isso. Quando eu começo a implicar com o que as pessoas dizem eu vejo que o problema foi meu.

Você dirá, caro leitor, que o mau entendido é sempre responsabilidade das duas partes. Em termos, estimado leitor. Em termos. Há pessoas que entendem o que bem querem. Independente do que foi dito. Há pessoas que entendem o que o seu sintoma – para utilizar uma linguagem psicanalítica – lhes diz. Se eu acho que eu sou feia, se eu acredito que eu sou feia, se tudo na minha vida é feito em função do fato de eu ser feia, se alguém chega pra mim, com a melhor das intenções e diz: “nossa, tá bonita hoje!”. Eu vou ficar pensando: “por que hoje? Tá vendo! Porque eu sou feia! Só hoje eu estou um pouco melhor. Será que ele falou de deboche?”. Pronto. Daqui a pouco a pessoa tá puta com você por ter feito simplesmente um elogio. O mau entendido foi das duas partes? Não. Claro que não.

Situação hipotética dois. Seu pai tem problemas de alcoolismo. Eu sei que ele está em tratamento. Eu chego pra você e pergunto: “como está o seu pai?” (partindo do pressuposto de que temos intimidade para tanto, que estamos falando de amigos). Vai que naquela semana seu pai teve uma recaída e encheu a cara. Daí a pessoa, que talvez não queira se lembrar disso, começa a pensar: “será que ela já sabe? Quem contou? Porra, sacanagem, sabe que meu pai piorou e vem perguntar só pra isso. Fulana é foda! Maldosa demais! Agora vai sair espalhando”. Quer dizer...você, que só queria saber do pai da pessoa, com a melhor das intenções, toma uma patada sem nem saber porque.

As pessoas botam frases na nossa boca. Na ânsia de entender o que o sintoma quer entender – e, mais uma vez, lembrando que Lacan dizia que o sintoma abriga; é fácil ficar debaixo dele, te protegendo da vida, é fácil ver a culpa no outro, quando ela é apenas sua – dizem coisas que você nunca disse. Ela, a pessoa, não está mentindo. Ela realmente ouviu isso. Ela criou subtextos onde não havia e preencheu as lacunas. No final das contas, aquilo é real para ela. Agora, isso não quer dizer que a outra parte tenha que entender. Afinal, ficar tomando patada por nada é um pouco chato. Ter que sempre entender que “ah, mas ela tem problemas com o assunto X” é bem chato.

E o que fazer com um povo desses? Nada. Absolutamente nada. Você vai pedir desculpas do quê? Do que não disse, mas a pessoa ouviu? A única alternativa é esperar até que a pessoa caia em si e perceba o que fez. Claro que algumas não vão perceber nunca. Aí, só resta lamentar.

sábado, setembro 05, 2009


Ultimamente tenho escrito quase um post por dia. Mas quando você não consegue arcar com as conseqüências dos seus posts, então é melhor nem publicar. Quando a vontade de escrever é maior do que os riscos envolvidos (porque sempre há riscos), então um post – ou um livro – merece ser publicados. Quando você pensa: foda-se todo mundo, então vale a pena. Porque a vida já é bem complicada pra arrumar mais complicação. Então ficamos assim: uma pasta no desktop de “Unpublished posts”. Ou não. Quem sabe um dia eles virão à tona. Quem sabe...

Como diria o personagem de Nathan Glass em “Desvarios no Brooklyn”: “Há momentos na vida de um homem e eu tive vários”.

Enfim.

Bom feriado. Eu vou viajar. Programei alguns posts que espero que entrem nos dias certos.