segunda-feira, agosto 18, 2008

Primeiro fim de semana em NY


Meu primeiro final de semana em NYC foi bem legal.

Ontem, como planejado, fui ao Central Park. Eu poderia viver no Central Park. De dia eu viveria no Central Park e à noite na biblioteca da NYU. É muuuuito lindo. Tem zilhões de eventos acontecendo ao mesmo tempo: Summer Festival, um músico amador da Chekoslováquia tocando violino, um sujeito a cara do Santana tocando rock, um grupinho de blues, caminhozinhos, trilhazinhas, cantinhos que você não sabe qual escolher. Lagos, laguinhos, fontes...

Comprei um exemplar do "Apanhador no Campo de Centeio" (The catcher in the rye), do Salinger, na banca do Strand, o sebo-sensação de NY que também vende no Central Park. Só pra treinar minha reading. Fiquei na dúvida entre este e "Little Woman", mas como esse é um livro que eu to pra ler há tempos, resolvi comprar. E achei mais adequado ao momento. Pra completar, depois de ter passado pelo lago dos patinhos e de ter comprado o livro, eu li no meu guia de NY que o personagem do livro está narrando a história para os patinhos daquele lago.

Hãn-hãn? Pegaram? É o Universo conspirando!

Há zoológico para crianças (onde foi feito, ou melhor, inspirado o Madagascar, o desenho), contação de histórias, estátua do Hans Christian Andersen, da Alice...eu literalmente me perdi naqueles caminhozinhos e trilhas e coisa e tal. Só não consegui ver o Strawberry Fields, jardim em formato de lágrima feito pela Yoko Ono em homenagem ao marido, o John Lennon, que ia sempre com o filho ali. Eu sabia que era perto do edifício Dakota, mas não sabia ao certo onde – e já tava cansada pra caralho – fiquei achando que ia ficar perdida e resolvi visitar o prédio mesmo.

O Dakota, marco da arquitetura de NY e copiado no mundo todo (inclusive por um prédio na Praia do Flamengo), é o prédio onde morava o Lennon – em frente ao qual ele foi assassinado - e onde a Madonna tem um apartamento. Em frente tinham duas garotas meio punks/meio mendigas, pedindo dinheiro e com os dizeres: “Imagine...I’m just two bus from here”, ou algo do tipo. Andei a 72nd inteira, até o rio Hudson. Tive importantes revelações acerca da minha pessoa, a saber: só moro em NY de novo se for no Upper West Side. Nem precisa ser de frente – sou pouco exigente. Isso só pode acontecer de duas formas: 1) se eu ganhar na loteria ou 2) se eu casar com um cara muito rico. Dado o fato de que: 2.1) eu não sou exatamente o tipo de pessoa que dá o golpe do baú (malditos escrúpulos...ou estômago fraco, vai saber), minhas chances diminuem ainda mais já que eu teria que arrumar: 2.1.1) Alguém muito rico que morasse no Upper West Side; 2.2.2) Alguém muito rico que morasse no Upper West Side de quem eu gostasse e 2.2.3) Alguém muito rico que morasse no Upper West Side de quem eu gostasse e que gostasse de mim e concordasse em se casar comigo, sem milhares de cláusulas pré-nupciais. Sendo assim, a opção “loteria” fica mais fácil, ainda que eu não jogue. Ou seja: difícil que eu volte a morar em NY.

À noite tomei um perdido da minha amiga brasileira que tinha me chamado pra jantar, como eu já havia previsto.

Hoje fui almoçar com meus novos amiguinhos: o professor brasileiro e a mulher dele. Fomos a um restaurante vietnamita. Muito bom. Parecido com comida chinesa. Depois fomos ao Angelika, cinema, assistir a um filme com a Penélope Cruz e o Ben Kingsley. E eu descobri que o último filme do Woody Allen, com o Javier Bardem, já estreou aqui!!!! Eu queeeeero! No Brasil acabou de passar o “Cassandra’s Dream”.

Zorba, a Grega, hibernou o fim de semana. Ontem eu saí a uma da tarde e ela estava acordando. Voltei às seis e ela continuava no mesmo sofá/cama-sem-lençol-com-meia-luz. Saiu rapidamente, perguntou se eu queria alguma coisa, perguntou como se dizia “bye” em português (ela acha legal aprender palavrinhas em português) e voltou. As duas da manhã tocou o telefone. Ela ficou horas de papo – um cliente, numa emergência? Desenergizado?

Hoje, de novo, saí quase uma hora e ela dormindo. Voltei umas oito e ela continuava no mesmo sofá/cama-sem-lençol-com-meia-luz. Deixou uma sobremesa pra mim, de um restaurante vietnamita pra onde ela tinha pedido comida (ela só pede comida, não compra nem faz nada).

Formiga Irmã, a nível de cuidadora de malucos e terapista, já diagnosticou: depressão.

Ela deve ter tomado banho em algum horário, mas eu não vi. E, na minha opinião, ela está com a mesma blusa desde que eu cheguei – mas vai ver ela é que nem o Cebolinha, que tem várias blusas verdes iguais. A toalha dela continua na mesma posição atrás da porta. Ela deve ficar meio assustada comigo, que toma dois banhos por dia, lavando a cabeça em quase todos dois.

Não sei como ela agüenta ficar no sofá/cama-sem-lençol-com-meia-luz que parece ser quente pra caramba, com uma blusa de manga comprida e ainda por cima sem tomar banho.

Não, ela deve ter tomado banho.

Mas a cabeça ela não lavou. Ah não. E continua com dois dedos de raiz branca. Ontem eu vi uma tinta de cabelo na pia e pensei: uh! Hoje ela pinta! Nada. Na trave.


(Depois não se sabe porque as mulheres brasileiras são as mais bonitas do mundo. A gente faz a unha, depila, pinta cabelo, faz sobrancelha...).


Coisas que não me acostumo (foras os sparays, a ausência de ralo, pano de chão e tanque):


1) As portas fecham pro lado contrário

2) As torneiras abrem pro lado contrário

3) A porra das “taxes”. Oito vírgula sei lá quanto no mercados e 15% nos restaurantes. Eu, que já sou ruim na matemática, na matemática em inglês sou pior ainda.

4) Mulheres com esmaltes rosa-ai-que-meda! no dedo do pé. Ainda por cima, elas passam e só vão tirar depois de uns quatro meses. Argh! Neidinha, a manicure de Governador Valadares que me habita, cujo sonho é trabalhar pras J. Sisters, fica se coçando pra pegar um alicate e tirar a cutícula delas.

5) O tal café gelado. Ecath!


Coisas que já to me acostumando:


1) Metrô

2) Café fraco

3) O hominho do metrô falando pra gente ficar longe das portas.

4) Línguas completamente incompreensíveis nas ruas do meu bairro.

5) Brasileiros por todos os lados. Quase sempre falando alguma merda.


That’s all folks. Vou dormir. Amanhã espero finalmente tirar minha NYUID.

8 comentários:

Anônimo disse...

Sou a Natalia que comentou no penultimo post. Desculpe ter escrito o recado com tanta pressa. Nem assinei! Tinha vindo aqui explicar tudo e tal, mas voce foi mais rapida. E tambem nao quis dizer que o convite era SO para o cinema, se voce nao estiver a fim a gente pode tomar um cafe fraco ;), cerveja, agua ou o que voce quiser num dia em que eu estiver por ai, e que provavelmente vai acontecer por causa do festival.

Enfim, escreva sim. :)

Carrie, a Estranha disse...

Tks!!! :)

Vou escrever.

Bjs

Anônimo disse...

Tô adorando suas aventuras em NY!
Depois conta aqui pra gente se a Zorba tomou banho ou não.
Realmente, a higiene não é umas das qualidades dos americanos. Da última vez que fui para os EUA, eu só via aqueles produtos de espirrar mesmo. Será que eles acham que isso tira a sujeira? E as banheiras? Ai, ai, ai... nojinho.
Algumas lanchonetes também dão certa ânsia, mas nada que tire a fome...
Olha, atualiza aqui sempre, viu! Tá muito divertido!!!
Beijos

sonia a. mascaro disse...

Estou adorando o seu diário de NY! Delícia de ler e ficar sabendo coisas que eu ignorava. Você deveria escrever um livro com as suas impressões depois que voltar. Aposto que vai ser sucesso!
Bjs.

Unknown disse...

Estou adorando sua pereipécias em NY. Esta mulher além de ter depressão é uma porca. Credo!!!!Saudades!!!

Carrie, a Estranha disse...

Bigada, pessoas, mas acho q o mercado editorial não precisa do milésimo livro de memorias sobre NYU...rsrsrs...ou precisa...vai saber?

Milema,

Lembro muito de vc nessa casa. Vc ia passar mal de vontade de fazer faxina aqui.

Bjs

Anônimo disse...

Além do delicioso post, você me deixou com água na boca só de lembrar do Frappuccino de Brownie da Starbucks... também detesto café gelado, mas esse Frappuccino não tem quase nada de café, é um milk-shake de brownie.. yummy, yummy

Bárbara Anaissi disse...

Contação de histórias no Central Park e biblioteca 24h???? Você está no paraíso!!! E ainda vai ver o novo Woody Allen com o Barden??? Sua vida tá tão chata... rs rs rs Tô adorando suas aventuras na grande maçã. Bjs